Era início de mais um longo dia. Ainda com bastante sono, já falava com um dos fornecedores mais tagarelas que tínhamos na empresa. Como pode uma pessoa estar tão animada e a fim de falar naquela hora da manhã? Monossilabicamente, eu ia concordando com tudo que o Sr. Antônio dizia: "Que coisa". " Pois é". "É fogo, viu". E a conversa estava longe de terminar. Antônio tem uma empresa no Butantã, próximo à Cidade Universitária. É um senhor de sessenta e poucos anos, carioca, engraçado, bom de papo, mas naquele momento não estava com o mínimo saco de ouvir suas histórias. Eis que sua conversa começaria a ficar mais interessante: "Querido, aquilo não se faz. É uma QUESTÃ de princípios. QUESTÃ de princípios, querido!". Puta que pariu! Aquilo realmente me acordou de vez. "Questã" é foda! Acho que nem Camões falava "questã" de tão antiquado que era já em sua época. Mas com essa coisa de reforma ortográfica, a gente fica sempre com o pé atrás e, por isso, resolvi averiguar. Realmente "questã" não existe (ufa!).
O sr. Antônio vira e mexe ainda solta uma "questã". Percebo que ele gosta dessa palavra e até pronuncia ela com certo prazer. Logicamente, eu não digo nada. Uma questão de respeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário