quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Conectado



- "Regina, como andam as coisas? E a família? Eu estou bem. Almocei às onze e meia. Estou solteiro, por enquanto. Mas estou à procura de uma namorada. Familia é muito importante....Levar os filhos pra passear, pescar. Quero levar eles para caminhar perto do lago lá na minha cidade, em Minas... Estado das Minas Gerais. República Federativa do Brasil.... É a Marina fez bonito, né? Marina Silva! Não foi dessa vez. Marina Silva: mulher de dignidade... Aécio Neves, senador da República. Neto do grande Tancredo Neves. Por onde ele anda, hein? No espaço cósmico ou já reencarnou? Já reencanou! Está com quantos anos? Seis! Que maravilha! E o Ulisses Guimarães, também? Há dois anos? Há dois anos da concepção ou dois anos de idade? Ah, dois anos de idade! Que benção do Pai já permitir um retorno tão rápido. Grande homem! E vem numa missão importante, né? Com certeza, novamente numa missão importante...O corpo dele já foi encontrado. Foi encontrado, sim! Foi encontrado no mar. Voltou para a água, que é a origem de toda matéria. E seu espírito voltou ao Pai, que é o criador de tudo e de todos. Criador do Universo, de sabedoria e bondade infinita. Com o mesmo amor e inteligência, criou desde cada átomo, cada célula, até as galaxias e os planetas..."
- "Vamos lá, Seu Carlos, tomar o cafezinho da tarde?""  Perguntou a enfermeira ao paciente Carlos Vieira, 42 anos, no Departamento de Psiquiatria do HSPE, em São Paulo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

F-i-s-s-u-r-a


Como ela come devagar o pé-de-moleque! Ela realmente aprecia esse doce! Degusta com vontade. Os pedaços de cada mordida são bem pequenos e mastigados muitas vezes. Dez ou doze vezes, talvez. E sua boca faz até um barulho acima do normal, o que não chega a ser falta de educação, não, mas que denuncia ainda mais seu prazer em saborear aquela sobremesa. Sim, havíamos almoçado há pouco. E todos já haviam devorados seus respectivos pés-de-moleque, inclusive eu, em 3 grandes mordidas. E ela ainda não comeu nem um terço! Será que eu que sou muito tosco e não valorizo os pequenos detalhes da vida?
Lentamente, ela vai descascando o plastiquinho que envolve o doce. Provavelmente para não se tentar a dar uma mordida maior. Ah! Seria, então, toda aquela mansitude e suavidade uma forma planejada, orquestrada para aproveitar melhor aquele momento? E eu aqui achando que era algo espontâneo, natural, fruto de uma sensibilidade superior, mas pelo visto não passa de uma série de movimentos premeditados! Que dissimulada! E eu já me achando um bárbaro, um semi-selvagem por fazer sumir um pé-de-moleque em menos do que 30 segundos.
Será que ela já teve uma grande decepção na vida, como a perda de um namorado, amigo ou emprego, por agir instintivamente e agora prefere agir metodicamente e planeja cada um dos seus atos e gestos, inclusive comer um pé-de-moleque?  Ou será que, por ser avessa ao consumismo exacerbado e inconsequente e ser a favor de uma sociedade mais justa, simples e verdadeira, que valoriza os pequenos prazeres da vida e que despreza os mitos modernos da juventude, fama e fortuna, será que por isso procurava aproveitar ao máximo um tradicional e despretencioso pé-de-moleque?  Seria, portanto, a necessidade de segurança ou necessidade de autenticidade?
"Você prefere o gibi do Superman ou do Chico Bento?", perguntei de repente. Seria a chave para desvendar aquele mistério!!! Caso fosse o gibi do Superman, venceria a tese número 1 (segurança, método), enquanto que o gibi do Chico Bento confirmaria a tese número 2 (simplicidade, autenticidade). "Eu? Nenhum dos dois, prefiro o Zé Carioca". Putz, agora ferrou! No entanto, não tive dúvidas: "Aceita mais um pé-de-moleque?".

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Só para loucos


Se examinarmos a alma do Lobo da Estepe, veremos que ele é distinto do burguês por causa do alto desenvolvimento de sua individualidade, pois toda individualização superior se orienta para egotismo e propende portanto ao aniquilamento. Vemos que tem em si um forte impulso tanto para o santo quanto para o libertino; no entanto, não pode tomar o impulso necessário para atingir o espaço livre e selvagem, por debilidade ou inércia, e permanece desterrado na difícil e maternal constelação da burguesia. Esta é sua situação no espaço do mundo e sua sujeição. A maior parte dos intelectuais e dos artistas pertencem a esse tipo. Só os mais fortes entre eles ultrapassam a atmosfera da terra da burguesia e logram entrar no espaço cósmico; todos o demais se resignam ou selam pactos, pertencem a ela, reforçam-na e glorificam-na, pois em última instância têm de professar a sua crença para viver. A vida deste infinito número de pessoas não atinge o trágico, mas apenas um infortúnio considerável e uma desaventura, em cujo inferno seus talentos engendram e frutificam. Os poucos que se libertaram buscam sua recompensa no absoluto e sucumbem no esplendor. São os trágicos e seu número é pequeno. Mas os outros, os que permaneceram submissos, a cujo talento a burguesia concede com frequência grandes homenagens, a estes se abre um terceiro reino, um mundo imaginário, mas soberano: o humor. Aos inquietos lobos da estepe, a esses contínuos e terríveis pacientes, aos que está negado o apoio necessário para o trágico, para subir ao espaço sideral, que se sentem chamados para o absoluto e, no entanto, não podem nele viver; para esses, quando seu espírito se fez duro e elástico na dor, abre-se-lhes o caminho conciliante do humor. O humor é sempre um pouco burguês, embora o verdadeiro burguês seja incapaz de compreendê-lo. Em suas imaginárias esferas realiza-se o ideal intrincado e multifacetado de todos os lobos da estepe; aqui é possível não apenas celebrar o santo e o libertino ao mesmo tempo e unir um pólo ao outro, mas também incluir os burgueses na mesma afirmação. É possível estar-se possuído por Deus e sustentar o pecador, e vice-versa, mas não é possível nem ao santo nem ao libertino (nem a nenhum outro absoluto) afirmar aquele meio-termo fraco e neutro que se chama burguês. Somente o humor, a magnífica descoberta dos que foram destituídos em seu vôo para o mais alto, dos quase trágicos, dos infelizes superdotados, só o humor (talvez o produto mais genuíno e genial da Humanidade) atinge esse impossível e une todos os aspectos da existência humana nos raios do seu prisma. Viver no mundo como se não fosse mundo, respeitar a lei e no entanto colocar-se acima dela, possuir uma coisa "como se não a possuísse", renunciar como se não tratasse de uma renúncia, todas essas proposições favoritas e formuladas com frequência, todas essas exigências de uma alta ciência da vida, somente pode realizá-las o humor.

                                                 Trecho do livro O LOBO DA ESTEPE, de Herman Hesse.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Teerã: capital do Irã

Era início de mais um longo dia. Ainda com bastante sono, já falava com um dos fornecedores mais tagarelas que tínhamos na empresa. Como pode uma pessoa estar tão animada e a fim de falar naquela hora da manhã? Monossilabicamente, eu ia concordando com tudo que o Sr. Antônio dizia: "Que coisa". " Pois é". "É fogo, viu". E a conversa estava longe de terminar. Antônio tem uma empresa no Butantã, próximo à Cidade Universitária. É um senhor de sessenta e poucos anos, carioca, engraçado, bom de papo, mas naquele momento não estava com o mínimo saco de ouvir suas histórias. Eis que sua conversa começaria a ficar mais interessante: "Querido, aquilo não se faz. É uma QUESTÃ de princípios. QUESTÃ de princípios, querido!". Puta que pariu! Aquilo realmente me acordou de vez. "Questã" é foda! Acho que nem Camões falava "questã" de tão antiquado que era já em sua época. Mas com essa coisa de reforma ortográfica, a gente fica sempre com o pé atrás e, por isso, resolvi averiguar. Realmente "questã" não existe (ufa!).
O sr. Antônio vira e mexe ainda solta uma "questã". Percebo que ele gosta dessa palavra e até pronuncia ela com certo prazer. Logicamente, eu não digo nada. Uma questão de respeito.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pensamentos de Ciça

- "Energia máxima! Já têmo que começar o dia à milhão, mil graus, pras coisas darem certo".
- "Tudo pelo melhor! Nossa mente é que comanda nossa vida e nossa saúde, por isso têmo que pensar sempre tudo pelo melhor, pra nóis e pros outros também".
- "Liberdade é muito bom, mas com responsa".
-  "97% dos nossos problemas sômo nóis que criamos através da nossa energia mental desequilibrada".
- "Sou adepta do Soborô. Têmo que aproveitar todos os alimentos. Não podêmo ter desperdício. É uma demonstração de respeito pelo mundo e pelas pessoas que têm necessidade".
- "Esse negócio de comida que faz mal, é besteira, rapaiz! Se eu mentalizo na minha mente (neste momento ela aponta os dois dedos indicadores para a própria cabeça) que eu vou comer e que a comida vai me fazê bem, ôxi, nada vai me fazel mal, não".

Cícera, 61 anos, 1,53m, alagoana, empregada doméstica e moradora do Sacomã, zona sul de São Paulo.

domingo, 25 de julho de 2010

Seleção


Mano Menezes: boa escolha! O Mano possui inteligência acima da média dentre os treinadores de futebol. Tem bom relacionamento com os abutres da imprensa ("jornalistas mortos não mentem"!), o que deve facilitar seu trabalho, e uma visão bem ampla sobre futebol. Continuo com a opinião que a questão psicológica é o maior entrave da nossa seleção: o branco e a ira que ocorreu no segundo tempo contra a Holanda este ano, a convulsão do Ronaldo em 98, o estrelismo e a prepotência de 2002 e, indo mais longe, a sindrome de vira-lata de 86 e 90, demonstram que a psicologia esportiva e a motivação na dose certa têm sido nosso principal gargalo nas Copas, já que sem dúvida possuimos os melhores jogadores do mundo. O Felipão, com sua humildade e inteligência, soube motivar e unir a seleção com seu estilo paizão, assim como o Parreira fez da imprensa o inimigo comum a ser batido em 94 por todos os jogadores. O Muricy é o treinador que mais entende de futebol e de tática, mas não dá a mínima para a questão motivacional e por isso acho que não teria sucesso na seleção. Aliás, tenho muitas dúvidas sobre sua indicação ao cargo da seleção. Suspeito que já estava tudo certo com o Mano, e que o Ricardo Teixeira convidou o Muricy apenas para tumultuar o ambiente no Fluminense: o presidente da CBF sabia que o Flu não iria ceder e que o Muricy não romperia o contrato. Isso gerará uma insatisfação do Muriçoca, e possivelmente até do país como um todo, devido atitude egoísta do Flu. E caso o Mano não dê certo, certamente uma grande culpa futura! E aquela conversa filmada pela imprensa? Onde que era aquele lugar todo aberto parecendo um quiosque de churrasqueira, prontinho para a imprensa gravar uma suposta "reunião confidencial"? Muito estranho! 

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Feijoada

VÍDEO YOUTUBE: "Feijoada"

Que belo tênis!!

"Próxima estação: Santa Cruz", anunciava o maquinista do metrô. Não sei exatamente se é próprio maquinista que anuncia as estações, mas acredito que sim, porque quando passa um vagão a gente só vê uma cabecinha dentro da cabine. Também não deve ser gravação, pois muitas vezes erram ou apresentam uma voz nada agradável. Às vezes até esquecem de avisar a estação, e em alguns casos, dão boas broncas nas pessoas que impedem o fechamento das portas. É, devia ser mesmo o maquinista que anunciava o quase término de mais uma quarta-feira! Me levantei lentamente, carregando todo o peso de mais um longo dia. Dei aquela alongada na barra redonda que fica no teto do vagão e uma analisada nas minhas possíveis olheiras através do vidro da porta à minha frente, que refletem bem e podemos nos ver como um espelho. Neste momento, uma pessoa me dá dois toques nas costas, me chamando. Quem seria àquela hora? Algum conhecido? Não, acho que não, haviam poucas pessoas no vagão, pois era bem tarde, e eu não havia reparado nenhum rosto familiar ao redor. E se tem alguma coisa que sou bom é em reconhecer as pessoas! De muito longe, até pelas costas, reconheço pessoas que não vejo há anos, ou que vi uma vez apenas na vida! Assalto no metrô? Não, duvido. O metrô de São Paulo é muito seguro. E eu não possuia nada atraente que despertasse o interesse de um suposto espertinho. Conforme minha cabeça ia girando para trás no intuito de responder àquele chamado, já avistava a silhueta de um senhor idoso. Deveria ser então um pedido de informação, de alguma rua, ou algo parecido. Ah, isso seria interessante, pois testaria meus conhecimentos de um bairro que morava há apenas alguns anos. É engraçado que o paulistano gosta de dar informações: em meio a agitação da cidade, pára seu andar apressado para orientar a quem necessite. Essa solidariedade acho que tem a ver com a formação da cidade e pessoas vindo de vários lugares do país e do mundo. Pois bem, a figura daquele senhor ia se definindo no minha retina ao passo que várias hipóteses sobre a pessoa que me chamava iam se criando rapidamente na minha mente. E eu estava prestes à descobrir o real motivo: ""Opa, tudo bem?!", respondi ao chamado daquele senhor bem arrumado, baixinho, que com a boca semi-aberta parecia curioso ou incomodado com alguma situação. "Tudo bem sim. É....eu tava reparando e achei legal seu tênis. Onde você comprou?"

sábado, 26 de junho de 2010

Virada

"É nóooissss", gritava o rapaz carregando uma pet 2 litros de coca-cola misturada com algum rezendrenke barato à 1 da manhã em frente ao teatro municipal. Era a Virada Cultural. Animal, tesão, ultra-moderno, retomada do centro etc. Sim, sim! Mas, acima de tudo, uma grande cachaçaiada!! Mas na Europa, em Madri, também não é assim?? Deve ser, acredito que bem pior até. Então, qual é o problema? Nenhum, exceto o cheiro de mijo. Descer a escadaria do Shopping Light, naquela noite, foi uma experiência única. O slogan da Virada deveria ser: "Virada Cultural: toma todas na Pinacoteca e gorfa no Municipal".

A viagem das esfihas

"Duas de queijo, uma de carne e um kibe", ordenou a patroa que eu comprasse na esfiharia para saciar sua fome repentina. Ok, a princípio parece ser uma tarefa fácil. No entanto, requer muita atenção e cuidado. Se eu troxesse por exemplo, duas de carne e uma de queijo, aquilo poderia desencadear uma série de problemas. "Você não presta atenção em mim, faz tudo errado". Talvez até uma crise que poderia durar horas ou até dias!! Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Eu não podia esquecer!! Era minha minha missão naquele momento! E já era tarde da noite, eu estava com sono e cansado, até poderia ter uma desculpa caso falhasse. Mas, não, melhor não! Precisava me concentrar e fazer tudo certo: duas de queijo, uma de carne e um kibe. Peguei a chave do carro e segui para cumprir perfeitamente minha tarefa. Vou sem o documento do carro, afinal é super perto. Já é bem tarde, não tem ninguém na rua. É melhor pedir uma proteção e pegar um galhinho de arruda. Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Cadê o guarda da rua? Deve estar dormindo ou ouvindo aqueles programas de rádio tipo Gil Gomes. Beleza, deixa eu acelerar então. Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Caramba, como o carro está sujo, tá cheio de areia e papel de bala, amanhã vou lavar. Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Esse buteco da esquina só tem nóia, deve rolar umas brigas nervosas. Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Ainda bem que recapiaram essa rua, tava cheia de buracos. Dá até pra dar um rolê de skate! Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Como está cheia a esfiharia, a fila está gigante. Mas ainda bem que é só para pegar mesa. Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Pra estacionar então, deve estar cruel. Que sorte! Uma vaga bem na frente e ao lado da viatura policial para cuidarem do meu carro...rs. Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Esses policiais são cara de pau mesmo, só pensam em comer de graça coxinha, kibe, esfiha. Duas de queijo, uma de carne e um kibe. Cadê aquele tiozão barabudo, escrotão, que fica de canto comendo esfiha e tomando várias brejas? Não está, deve ter ido pra um forró-bodó. Só tem garçom novo nessa joça. Ah, vou pedir pra aquele alemãozinho que ele é gente boa: "Por favor, duas de queijo, uma de carne e um kibe. Pra viagem".

Hércules

Numa sexta à tarde, estava eu num daqueles trânsitos típicos da babilônia paulista. Era no bairro da Liberdade, quase na João Mendes. A minha janela do carro estava aberta e parou um motoboy do meu lado e disse: "Eta trânsito pesado. Por isso que eu só ando de moto". "Pois é", disse eu, "Ainda que eu não uso muito o carro durante a semana". "Eu não ando de carro nem a pau", disse o Hércules metropolitano, "Não sei como vc aguenta", enfatizou com um certo ar de superioridade. Pensei comigo: "Pelo menos não vou morrer num corredor da 23 de maio ou da Marginal", mas disse: "É isso ai, meu amigo", quando em seguida ele arrancou pelo corredor de carros e parou no próximo infeliz parado e com a janela aberta e repetiu de peito estufado: "Ê trânsito pesado. Por isso que eu só ando de moto"...

A Malandragem do Brasileiro

Era uma manhã ensolarada de novembro, estava em casa trabalhando. Tocou a campainha. Soava no interfone uma voz ansiosa, de um homem simples do interior:
- "Por favor, sinhô, eu sou pedreiro aqui da construção do lado, meu parceiro caiu e machucou o braço. A gente tava levando ele pro hospital e acabou a gasolina do meu fusquinha na avenida. O sinhô pode me emprestar 10 real, depois eu pago?".
Realmente havia uma construção com bastante pedreiro na rua Acarapé. Disse, de pronto: "Calma que tô indo ai". Peguei o dinheiro e abri o portão:
- "Bom dia", e o rapaz contou a história novamente, meio nervoso. Fiquei desconfiado.
- "Qual seu nome?". Ele começou a tremer.
- "Marcelo".
- "Você trabalha ai ao lado, então?"
- "Sim, sinhô". Nesse momento, saiu um pedreiro de dentro da obra com um carrinho de mão. O rapaz ficou mais nervoso e me apressou. "Então, daqui a pouco eu te devolvo. O rapaz tá lá no carro me esperando".
Com aquela pulga do tamanho de um elefante atrás da orelha, dei adeus a nota de dez e o tal pedreiro saiu vazado pra avenida Luis Góis.
Mesmo sabendo da resposta, fui na casa ao lado e perguntei se trabalhava algum Marcelo: "Não, senhor". Pronto! Cai no conto do vigário! Fui até a avenida dar uma checada pra ver se encontrava o malandro. Estava lá ele, parado. O fusquinha do Sr. Batalha da oficina mecânica, aguardando para fazer mais um socorro no dia.