sábado, 14 de janeiro de 2012

Anglicismo

   

    O anglicismo é algo que incomoda. Principalmente quando seu uso é despropositado. A língua inglesa é sem dúvida muito objetiva e econômica, e seu uso em ambiente corporativo, das comunicações e tecnológico é compreensível e interessante. Mas no dia-a-dia das pessoas, no supermercado, no restaurante, em anúncios, estampas de camisetas etc, é péssimo. Observo também nesta prática uma tática de exclusão por parte de empresa/produtos com o objetivo de se direcionar a determinado público, selecionando apenas aqueles que possuem conhecimento do idioma, excluido assim os demais. Em outras palavras, "meu amigo, se você não entendeu o que estou dizendo, meu produto serve pra você". E é simplesmente horrível sentir-se excluído ou incapaz de entender algo quando aquilo poderia estar escrito no idioma do seu país.
    Outro dia fui comprar um presente para uma criança de dois anos, e tinha uma camiseta legal da Hering (marca 100% nacional) com um desenho do Maracanã e escrito "The biggest stadium in the world". Vejam que contradição: a exaltação de um orgulho do país, porém escrito em outro idioma. E era toda uma coleção, com Pão de Açucar, Capoeira, Futebol, todas com dizeres em inglês. O voyerismo do brasileiro, que adora exibir suas potencialidades para o estrangeiro e só se valoriza se este tecer sedutores elogios, também estava implícito naquele pequeno pedaço de pano. Mas criança de dois anos não sabe sequer ler. Os pais, sim. Comecei então a perceber que a maioria das camisetas de crianças são escritas em inglês (para as pessoas acharem que foi uma roupinha cara ao invés de ter sido comprada na baciada no Brás?).
    Mais do que se comunicar, o anglicismo influencia também na organização de nossas idéias e pensamentos. O melhor exemplo disso é o termo "bullying". Já ouvi várias pessoas dizendo "na minha época, não tinha esse tal de bullying". Na verdade, o que não havia era o termo, o conceito, assim como o estudo e a dicussão mais aprofundada a respeito.
    O idioma inglês tem essa capacidade e aptidão de criar termos que carregam um grande significado e que nos auxiliam a organizar as idéias. E nós temos o poder de escolher quando utilizá-lo e quando não.

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